1º) Emprega-se o
hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação
e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal,
constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo
dar -se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo,
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia,
tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito,
guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano;
afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro,
primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas,
finca-pé, guarda-chuva.
Obs.:
Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de
composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
2º) Emprega-se o
hífen nos topónimos/topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou
por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha,
Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas,
Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de
Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
Obs.:
Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados,
sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco,
Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é,
contudo, uma exceção consagrada pelo uso.
3º) Emprega-se o
hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas,
estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina,
couve-flor, erva-doce, feijão-verde; benção-de-deus, erva-do-chá,
ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer (nome de planta que
também se dá à margarida e ao malmequer); andorinha-grande,
cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-d’água, lesma-de-conchinha;
bem-te-vi (nome de um pássaro).
4º) Emprega-se o
hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes
formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e
tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem,
ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por
consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado,
bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado
(cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante
(cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido
(cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto
(cf. malvisto).
Obs.:
Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo
elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito,
benfeitor, benquerença, etc.
5º) Emprega-se o
hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além-Atlântico,
além-mar, além-fronteiras; aquém-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado,
recém-nascido; sem-cerimónia, sem-número, sem-vergonha.
6º) Nas locuções de
qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas
exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha,
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa).
Sirvam, pois, de
exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão
de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Adjetivas: cor
de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada
um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) Adverbiais: à
parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução
que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção,
etc.), depois de amanhã, em cima, por isso;
e) Prepositivas: abaixo
de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de,
debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Conjuncionais: a
fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
7º) Emprega-se o
hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a
divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o
percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique, e bem
assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos (tipo: Áustria-Hungria,
Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).
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