A divisão silábica,
que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bru-ma, ca-cho, lha-no,
ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, te-me-se), e na qual, por isso,
se não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo
a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vó, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co,
e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do),
obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando
se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma
palavra:
1º) São indivisíveis
no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto, sílaba para
a frente as sucessões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos, ou
sejam (com exceção apenas de vários compostos cujos prefixos terminam em b ou
d: ab-legação, ad-ligar, sub-lunar, etc., em vez de a-blegação,
a-dligar, su-blunar, etc.) aquelas sucessões em que a primeira consoante
é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou
um r: a-blução, cele-brar, du-plicação, re-primir; a-clamar,
de-creto, de-glutição, re-grado; a-tlético, cáte-dra, períme-tro; a-fluir,
a-fricano, ne-vrose.
2º) São divisíveis no
interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem
propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com
valor de nasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gardo, op-tar, sub-por,
ab-soluto, ad-jetivo, af-ta, bet-samita, íp-silon, ob-viar; des-cer,
dis-ciplina, flores-cer, nas-cer, res-cisão; ac-ne, ad-mirável, Daf-ne,
diafrag-ma, drac-ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, interam-nense; bir-reme,
cor-roer, pror-rogar; as-segurar, bis-secular, sos-segar; bissex-to,
contex-to, ex-citar, atroz-mente, capaz-mente, infeliz-mente; am-bição,
desen-ganar, en-xame, man-chu, Mân-lio, etc.
3º) As sucessões de
mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade,
e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra
um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), esse grupo
forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem
ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão
dá -se sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: cam-braia,
ec-lipse, em-blema, ex-plicar, in-cluir, ins-crição, subs-crever, trans-gredir;
abs-tenção, disp-neia, inters-telar, lamb-dacismo, sols-ticial, Terp-sícore,
tungs-ténio.
4º) As vogais
consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a
ditongos deste tipo nunca se separam: ai-roso, cadei-ra, insti-tui, ora-ção,
sacris-tães, traves-sões) podem, se a primeira delas não é u precedido
de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala-úde,
áre-as, ca-apeba, co-ordenar, do-er, flu-idez, perdo-as, vo-os. O
mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou
de ditongos e vogais: cai-ais, cai-eis, ensai-os, flu-iu.
5º) Os digramas gu
e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da vogal
ou ditongo imediato (ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei), do mesmo
modo que as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á-gua,
ambí-guo, averi-gueis; longín-quos, lo-quaz, quais-quer.
6º) Na translineação
de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou
mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve,
por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex-
-alferes, serená- -los- -emos ou serená- -los- -emos, vice- -almirante.
FONTE: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS