BASES DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Lisboa,
14, 15 e 16 de dezembro de 1990
Considerando que o
projeto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em
Lisboa, em 12 de outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa,
Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da
Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da
língua portuguesa e para o seu prestígio internacional,
Considerando que o
texto do acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos Países
Signatários,
a República Popular de Angola,
a República Federativa do Brasil,
a República de Cabo Verde,
a República da Guiné -Bissau,
a República de Moçambique,
a República Portuguesa
e a República Democrática de São Tomé e
Príncipe,
Acordam no seguinte:
Artigo
1º
É aprovado o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente
instrumento de aprovação, sob a designação de Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa (1990) e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta
como anexo II ao mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota
Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Artigo
2º
Os Estados signatários
tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências
necessárias com vista à elaboração, até 1º de janeiro de 1993, de um
vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto
desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias
científicas e técnicas.
Artigo
3º
O Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1º de Janeiro de 1994, após
depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo
da República Portuguesa.
Artigo
4º
Os Estados
signatários adoptarão as medidas que entenderem adequadas ao efetivo respeito
da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3º.
Em fé do que, os
abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente
acordo, redigido em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente
autênticos.
Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de
1990.
PELA REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA,
José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de
Estado da Cultura.
PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,
Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Ministro da
Educação.
PELA REPÚBLICA DE CABO VERDE,
David Hopffer Almada, Ministro da Informação,
Cultura e Desportos.
PELA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU,
Alexandre Brito Ribeiro Furtado, Secretário
de Estado da Cultura.
PELA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE,
Luís Bernardo Honwana, Ministro da Cultura.
PELA REPÚBLICA PORTUGUESA,
Pedro Miguel de Santana Lopes, Secretário de
Estado da Cultura.
PELA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E
PRÍNCIPE,
Lígia Silva Graça do Espírito Santo Costa, Ministra da
Educação e Cultura.
Anexo I
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)
Base I
Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
1º) O alfabeto da
língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma
forma minúscula e outra maiúscula:
a A (á)
b B (bê)
c C (cê)
d D (dê)
e E (é)
f F (efe)
g G (gê ou guê)
h H (agá)
i I (i)
j J (jota)
k K (capa ou cá)
l L (ele)
m M (eme)
n N (ene)
o O (ó)
p P (pê)
q Q (quê)
r R (erre)
s S (esse)
t T (tê)
u U (u)
v V (vê)
w W (dáblio)
x X (xis)
y Y (ípsilon)
z Z (zê)
Obs.:
1. Além destas letras, usam -se o ç (cê cedilhado) e os seguintes
dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê -agá), lh
(ele -agá), nh (ene -agá), gu (guê -u) e qu (quê -u).
2. Os nomes das
letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.
2º) As letras k,
w e y usam -se nos seguintes casos especiais:
a) Em
antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin,
frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo;
Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor,
taylorista;
b) Em
topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza,
Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas,
símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso
internacional: TWA, KLM; K - potássio (de kalium), W
- oeste (West); kg - quilograma, km - quilómetro, kW
- kilowatt, yd - jarda (yard); Watt.
3º) Em congruência
com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes
próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não
peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte;
garrettiano, de Garrett; jeffersónia/jeffersônia,
de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakesperiano,
de Shakespeare.
Os vocábulos
autorizados registarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação
de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/fúchsia
e derivados, bungavília/ bunganvílea/ bougainvíllea).
4º) Os dígrafos
finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se
em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch,
Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif.
Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente
mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth;
e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo
uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.
5º) As consoantes
finais grafadas b, c, d, g e t mantêm -se,
quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as
consagrou, nomeadamente antropónimos/antropônimos e topónimos/topônimos da
tradição bíblica; Jacob, Job, Moab, Isaac; David,
Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat.
Integram-se também
nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e
Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou
Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições.
Nada impede,
entretanto, que dos antropónimos/antropônimos em apreço sejam usados sem a
consoante final Jó, Davi e Jacó.
6º) Recomenda-se que
os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto
possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em
português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers,
substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne,
por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia;
Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino,
por Turim; Zürich, por Zurique, etc.
Base II
Do h inicial e final
1º) O h inicial emprega-se:
a) Por força da etimologia: haver, hélice,
hera, hoje, hora, homem, humor.
b) Em virtude da adoção convencional: hã?,
hem?, hum!.
2º) O h inicial suprime-se:
a) Quando, apesar da etimologia, a sua
supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva;
e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo,
herbanário, herboso, formas de origem erudita);
b) Quando, por via de composição, passa a
interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário,
desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem,
reabilitar, reaver.
3º) O h inicial mantém-se, no entanto,
quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao
anterior por meio de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico, contra-haste,
pré-história, sobre-humano.
4º) O h final emprega-se em interjeições: ah!
oh!.
Base III
Da homofonia de certos grafemas
consonânticos
Dada a homofonia
existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se necessário diferençar
os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. É
certo que a variedade das condições em que se fixam na escrita os grafemas
consonânticos homófonos nem sempre permite fácil diferenciação dos casos em que
se deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve empregar
outra, ou outras, a representar o mesmo som.
Nesta conformidade,
importa notar, principalmente, os seguintes casos:
1º) Distinção gráfica
entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho, chamar,
chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha, facho,
ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho,
pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa,
anexim, baixel, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo,
elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol,
vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara.
2º) Distinção gráfica
entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio,
alfageme, Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido,
almarge, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia,
gengiva, gergelim, geringonça.
Gibraltar,
ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger, virgem; adjetivo,
ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerê,
canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira,
jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum,
Jerónimo, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti,
jitirana, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona,
mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.
3º) Distinção gráfica
entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes
surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso,
imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã,
Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa; abadessa,
acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse,
Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Codassal, Codesseda,
Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso,
fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar,
acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães, Escócia,
Macedo, obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar, almaço, atenção,
berço, Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça, enguiço, Gonçalves,
inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Monção, muçulmano, murça,
negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça (grafi a
que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça,
terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.
4º) Distinção gráfica
entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com
idêntico valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo,
esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura,
Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário, inextricável,
inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente.
De acordo com esta distinção convém notar dois casos:
a) Em final de sílaba
que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre
que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto,
sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor,
juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.
b) Só nos advérbios
em -mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em fi
nal de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de
contrário, o s toma sempre o lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia.
5º) Distinção gráfica
entre s final de palavra e x e z com idêntico valor
fónico/fônico: aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através, Avis, Brás,
Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país,
português, Queirós, quis, retrós, revés, Tomás, Valdês; cálix, Félix,
Fênix, fl ux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substantivo e
forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz,
petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A
propósito, deve observar-se que é inadmissível z final
equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis, e não Cádiz.
6º) Distinção gráfica
entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes
sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro,
besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses,
coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim,
frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar,
homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses,
narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa,
Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito, vaso;
exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado,
alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar,
beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro,
Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze,
vazar, Veneza, Vizela, Vouzela.
Base IV
Das sequências consonânticas
1º) O c, com
valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com
valor de sibilante), cç e ct, e o p das sequências
interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt,
ora se conservam, ora se eliminam.
Assim:
a) Conservam-se nos
casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto,
convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto,
díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
b) Eliminam-se nos
casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação,
acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor,
exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
c) Conservam-se ou
eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer
geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o
emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres
e carateres, dicção e dição; facto e fato,
sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção,
corrupto e corruto, recepção e receção.
d) Quando, nas
sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de
acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n,
escrevendo-se, respetivamente, nc, nç e nt: assumpcionista
e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e
assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso,
sumptuosidade e suntuosidade.
2º) Conservam-se ou
eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer
geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o
emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da
sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência
gd, em amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato,
amigdalite, amigdaloide, amigdalopatia, amigdalotomia;
o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne,
indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente,
etc.; o t da sequência tm, em aritmética e aritmético.
Base V
Das vogais átonas
1º) O emprego do e
e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona,
regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história
das palavras. Assim, se estabelecem variadíssimas grafias:
a) Com e e i:
ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal (prelado,
ave, planta; diferente de cardial = “relativo à cárdia”), Ceará,
côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel,
Leonor, Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em
vez de quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial,
Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial
(adjetivo e substantivo), corriola, crânio, criar, diante, diminuir, Dinis,
ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa, Filipinas,
etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampião,
limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso.
b) Com o e u:
abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada, consoar costume,
díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbafonir-se, esboroar, farândola, femoral,
Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa,
Pascoal,
Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo
e forma do verbo vir); açular, água, aluvião, arcuense, assumir,
bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur,
fistula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual,
Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta, trégua,
vitualha.
2º) Sendo muito
variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em que se fixam
graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é
evidente que só a consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas
vezes, se deve empregar-se e ou i, se o ou u. Há,
todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente
sistematizado. Convém fixar os seguintes:
a) Escrevem-se com e,
e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos
que procedem de substantivos terminados em -eio e -eia, ou com
eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola,
aldeota por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia;
aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por cadeia;
candeeiro por candeia; centeeira e centeeiro por centeio;
colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame
por correia.
b) Escrevem-se
igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica, os
derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode
representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote,
de galé; coreano, de Coreia; daomeano, de Daomé;
guineense, de Guiné; poleame e poleeiro, de polé.
c) Escrevem-se com i,
e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos
derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula -iano e
-iense, os quais são o resultado da combinação dos sufi xos -ano e
-ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde -ano
e -ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano,
italiano, duriense, fl aviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre),
camoniano, goisiano (relativo a Damião de Góis), siniense (de
Sines), sofocliano, torniano, torniense (de Torre(s)).
d) Uniformizam-se com
as terminações -io e -ia (átonas), em vez de -eo e -ea,
os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros
substantivos terminados em vogal; cúmio (popular), de cume; hástia,
de haste; réstia, do antigo reste, véstia, de veste.
e) Os verbos em -ear
podem distinguir-se praticamente, grande número de vezes, dos verbos em -iar,
quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no
primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em -eio ou -eia
(sejam formados em português ou venham já do latim); assim se regulam: aldear,
por aldeia; alhear, por alheio; cear por ceia;
encadear por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no
segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões
rizotónicas/rizotônicas em -eio, -eias, etc.: clarear,
delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear, nomear, semear,
etc. Existem, no entanto, verbos em -iar, ligados a substantivos com as
terminações átonas -ia ou -io, que admitem variantes na
conjugação: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou
premio (cf. prémio/prêmio); etc.
f) Não é lícito o
emprego do u final átono em palavras de origem latina. Escreve-se, por
isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto
próprio); tribo, em vez de tríbu.
g) Os verbos em -oar
distinguem-se praticamente dos verbos em -uar pela sua conjugação
nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba
acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas, etc.; destoar,
com o, como destoo, destoas, etc.; mas acentuar, com u,
como acentuo, acentuas, etc.
Base VI
Das vogais nasais
Na representação das
vogais nasais devem observar-se os seguintes preceitos:
1º) Quando uma vogal
nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguido de hífen,
representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre a; por m,
se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n, se é de
timbre diverso de a e está seguida de s: afã, grã,
Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma dialetal; o mesmo que são-brasense
= de S. Brás de Alportel); clarim, tom, vacum, flautins, semitons,
zunzuns.
2º) Os vocábulos
terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal aos
advérbios em -mente que deles se formem, assim como a derivados em que
entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente;
lãzudo, maçãzita, manhãzinha, romãzeira.
Base VII
Dos ditongos
1º) Os ditongos
orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-se por dois
grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é
representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu,
iu, ou: braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos),
goivo, goivar, lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar,
cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu,
passou, regougar.
Obs.:
Admitem-se, todavia, excecionalmente, à parte destes dois grupos, os ditongos
grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au):
o primeiro, representado nos antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana,
assim como nos respetivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano,
etc.); o segundo, representado nas combinações da preposição a com as
formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e
aos.
2º) Cumpre fixar, a
propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares:
a) É o ditongo
grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega
nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e
igualmente na da 2a pessoa do singular do imperativo dos verbos em -uir:
constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com
todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis,
fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com
as formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e de 2ª
pessoa do singular do imperativo dos verbos em -air e em -oer: atrais,
cai, sai; móis, remói, sói.
b) É o ditongo
grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união
de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas
como fluido de formas como gratuito. E isso não impede que
nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se
separem: fluídico, fluidez (u -i).
c) Além dos ditongos
orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes, admite-se, como é
sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se no número
deles as sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se
representam graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea,
áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, tênue, tríduo.
3º) Os ditongos
nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos,
pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por
vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da
consoante nasal m. Eis a indicação de uns e outros:
a) Os ditongos
representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-se apenas
a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos e
derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe.
Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra,
zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões,
orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por
exemplo, colocar-se o ditongo ˜ui; mas este, embora se exemplifique numa
forma popular como r˜ui = ruim, representa-se sem o til nas formas muito
e mui, por obediência à tradição.
b) Os ditongos
representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois: am
e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i) am (sempre
átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam, escreveram, puseram;
ii) em (tónico/tônico
ou átono) emprega -se em palavras de categorias morfológicas diversas,
incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas
pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela
acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem,
virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto,
homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação
do ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém,
também; convêm, mantêm, têm (3ªs pessoas do plural); armazéns,
desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.
Base VIII
Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
1º) Acentuam-se com
acento agudo:
a) As palavras
oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas abertas grafadas -a, -e
ou -o, seguidas ou não de -s: está, estás, já, olá; até,
é, és, olé, pontapé(s); avó(s), dominó(s),
paletó(s), só(s).
Obs.:
Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em -e tónico/tônico,
geralmente provenientes do francês, esta vogal, por ser articulada nas
pronúncias cultas ora como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo
como o acento circunflexo: bebé ou bebê, bidé ou bidê,
canapé ou canapê, caraté ou caratê, croché ou
crochê, guichê ou guichê, matiné ou matinê, nené
ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé
ou rapê. O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô,
ró (letra do alfabeto grego) e rô. São igualmente admitidas
formas como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro.
b) As formas verbais
oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos lo(s) ou la(s),
ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta grafada -a, após a
assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z:
adorá-lo(s) (de adorar-lo(s)), dá-la(s)
(de dar-la(s) ou dá(s)-la(s)), fá-lo(s)
(de faz-lo(s)), fá-lo(s)-às (de far-lo(s)-ás),
habitá-la(s)-iam (de habitar-la(s)-iam),
trá-la(s)-á (de trar-la(s)-á).
c) As palavras
oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado -em (exceto
as formas da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de ter
e vir: retêm, sustêm; advêm, provêm, etc.) ou -ens:
acém, detém, deténs, entretém, entreténs, harém, haréns, porém, provém,
provéns, também.
d) As palavras
oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, éu ou ói, podendo
estes dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis,
papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s),
véu(s); corrói (de corroer), herói(s),
remói (de remoer), sóis.
2º) Acentuam-se com
acento circunflexo:
a) As palavras
oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou
-o, seguidas ou não de -s: cortês, dê, dês (de dar),
lê, lês (de ler), português, você(s); avô(s),
pôs (de pôr), robô(s);
b) As formas verbais
oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos -lo(s) ou -la(s),
ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou
-o, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r,
-s ou -z: detê-lo(s) (de deter-lo-(s)),
fazê-la(s) (de fazer-la(s)), fê-lo(s)
(de fez-lo(s)), vê-la(s) (de ver-la(s)),
compô-la(s) (de compor-la(s)), repô-la(s)
(de repor-la(s)), pô-la(s) (de por-la(s)
ou pôs-la(s)).
3º) Prescinde-se de
acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas, mas
heterofónicas/heterofônicas, do tipo de cor (ô), substantivo, e cor
(ó), elemento da locução de cor; colher (ê),
verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-se a forma verbal pôr,
para a distinguir da preposição por.
Base IX
Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas
1º) As palavras
paroxítonas não são em geral acentuadas graficamente: enjoo, grave, homem,
mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo,
angolano, brasileiro; descobrimento, graficamente, moçambicano.
2º) Recebem, no
entanto, acento agudo:
a) As palavras
paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafadas
a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n, -r, -x
e -ps, assim como, salvo raras exceções, as respectivas formas do
plural, algumas das quais passam a proparoxítonas: amável (pl. amáveis),
Aníbal, dócil (pl. dóceis), dúctil (pl. dúcteis), fóssil
(pl. fósseis), réptil (pl. répteis; var. reptil,
pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou carmens; var. carme,
pl. carmes); dólmen (pl. dólmenes ou dolmens), éden
(pl. édenes ou edens), líquen (pl. líquenes), lúmen
(pl. lúmenes ou lumens); açúcar (pl. açúcares),
almíscar (pl. almíscares), cadáver (pl. cadáveres),
caráter ou carácter (mas pl. carateres ou caracteres),
ímpar (pl. ímpares); Ájax, córtex (pl. córtex; var.
córtice, pl. córtices, índex (pl. índex; var. índice,
pl. índices), tórax (pl. tórax ou tóraxes; var. torace,
pl. toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite,
pl. bicípites), fórceps (pl. fórceps; var. fórcipe, pl.
fórcipes).
Obs.:
Muito poucas palavras deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e
o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n,
apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua e, por
conseguinte, também de acento gráfico (agudo ou circunflexo): sémen e sêmen,
xénon e xênon; fêmur e fémur, vómer e vômer; Fénix
e Fênix, ónix e ônix.
b) As palavras
paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafadas
a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s),
-ão(s), -ei(s), -i(s), -um, -uns ou
-us: órfã (pl. órfãs), acórdão (pl. acórdãos),
órfão (pl. órfãos), órgão (pl. órgãos), sótão (pl.
sótãos); hóquei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl.
de amável), fáceis (pl. de fácil), fósseis (pl. de fóssil),
amáreis (de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de cantar),
fizéreis (de fazer), fizésseis (id.); beribéri (pl. beribéris),
bílis (sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (pl. júris),
oásis (sg. e pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns);
húmus (sg. e pl.), vírus (sg. e pl.).
Obs.:
Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e
e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e
n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o
qual é assinalado com acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei
e pônei; gónis e gônis, pénis e pênis, ténis
e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, tónus
e tônus, Vénus e Vênus.
3º) Não se acentuam
graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba
tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos
casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia,
ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico,
epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar),
tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.),
tal como comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito,
estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina.
4º) É facultativo
assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do
indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das
correspondentes formas do presente do indicativo
(amamos, louvamos),
já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas
variantes do português.
5º) Recebem acento
circunflexo:
a) As palavras
paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a
grafia a, e, o e que terminam em -l, -n, -r, ou -x, assim
como as respetivas formas do plural, algumas das quais se tornam
proparoxítonas: cônsul (pl. cônsules), pênsil (pl. pênseis),
têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone (pl. cânones),
plâncton
(pl. plânctons);
Almodôvar, aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmbares),
Câncer, Tânger; bômbax (sg. e pl.), bômbix, var. bômbice
(pl. bômbices).
b) As palavras
paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a
grafia a, e, o e que terminam em -ão(s), -eis, -i(s)
ou -us: bênção(s), côvão(s), Estêvão,
zângão(s); devêreis (de dever), escrevêsseis (de
escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis (id.),
pênseis (pl. de pênsil), têxteis (pl. de têxtil); dândi(s),
Mênfi s; ânus.
c) As formas verbais têm
e vêm, 3as pessoas do plural do presente do indicativo de ter e
vir, que são foneticamente paroxítonas (respetivamente /tãjãj/,
/vãjãj/ ou /têêj/, /vêêj/ ou ainda /têjêj/,
/vêjêj/); cf. as antigas grafias preteridas, têem, vêem,
a fi m de se distinguirem de tem e vem, 3as pessoas do singular
do presente do indicativo ou 2as pessoas do singular do imperativo; e também as
correspondentes formas compostas, tais como: abstêm (cf. abstém),
advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf.
convém), desconvêm (cf. desconvém), detêm (cf. detem),
entretêm (cf. entretém), intervêm (cf. intervém), mantêm
(cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf. provém),
sobrevêm (cf. sobrevém).
Obs.:
Também neste caso são preteridas as antigas grafias detêem, intervêem,
mantêem, provêem, etc.
6º) Assinalam-se com
acento circunflexo:
a) Obrigatoriamente, pôde
(3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), que se
distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode).
b) Facultativamente, dêmos
(1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo), para se distinguir da
correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo (demos); fôrma
(substantivo), distinta de forma (substantivo; 3ª pessoa do singular
do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo do verbo formar).
7º) Prescinde-se de
acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tónico/tônico
oral fechado em hiato com a terminação -em da 3ª pessoa do plural do
presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.),
descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem,
reveem, tresleem, veem.
8º) Prescinde-se
igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica fechada
com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e
flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e
flexão de voar, etc.
9º) Prescinde-se,
quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas
que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são
homógrafas de palavras proclíticas.
Assim, deixam de se
distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar,
e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e
flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s);
pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê),
substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s)
(ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular
de por
e lo(s);
etc.
10º) Prescinde-se
igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas
heterofónicas/heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo, e
acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô),
substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê),
substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca
(é), flexão de cercar; coro (ô), substantivo, e
coro (ó), flexão de corar; deste (ê),
contração da preposição de com o demonstrativo este, e deste (é),
flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir,
e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô),
substantivo, e piloto (ó), flexão de pilotar, etc.
Base X
Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u
das palavras oxítonas e paroxítonas
1º) As vogais
tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e
paroxítonas levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não
formam ditongo e desde que não constituam sílaba com a eventual consoante
seguinte, excetuando o caso de s: adaís (pl. de adail), aí,
atraí (de atrair), baú, caís (de cair),
Esaú,
jacuí, Luís, país, etc.; alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde,
atraíam (de atrair), atraísse (id.), baía, balaústre,
cafeína, ciúme, egoísmo, faísca, faúlha, graúdo, infl uíste (de infl uir),
juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes, recaída, ruína, saída, sanduíche,
etc.
2º) As vogais
tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e
paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não
formam ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh,
l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul;
Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte, oriundo, ruins,
triunfo; atrair, demiurgo, influir, influirmos; juiz, raiz,
etc.
3º) Em conformidade
com as regras anteriores leva acento agudo a vogal tónica/tônica grafada i das
formas oxítonas terminadas em r dos verbos em -air e -uir,
quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas -lo(s),
-la(s), que levam à assimilação e perda daquele -r: atraí-lo(s)
(de atrair-lo(s)); atraí-lo(s)-ia
(de atrair-lo(s)-ia);
possuí-la(s) (de possuir-la(s)); possuí-la(s)-ia
(de possuir-la(s)-ia).
4º) Prescinde-se do
acento agudo nas vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
palavras paroxítonas, quando elas estão precedidas de ditongo: baiuca,
boiuno, cauila (var. cauira), cheiinho (de cheio), saiinha
(de saia).
5º) Levam, porém,
acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando,
precedidas de ditongo, pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final
ou seguidas de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.
Obs.:
Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais
dispensam o acento agudo: cauim.
6º) Prescinde-se do
acento agudo nos ditongos tónicos/tônicos grafados iu e ui,
quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul).
7º) Os verbos arguir
e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tónica/tônica
grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui, arguem;
argua, arguas, argua, arguam. Os verbos do tipo de aguar, apaniguar,
apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e
afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas
igualmente acentuadas no u mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo,
averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue, averiguem;
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxague,
enxaguem, etc.; delinquo, delinquis, delinqui, delinquem; mas delinquimos,
delinquís) ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas acentuadas
fónica/fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a
exemplo de averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue,
averígues, averígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam;
enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo, delínques, delínque,
delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, delínquam).
Obs.:
Em conexão com os casos acima referidos, registe-se que os verbos em -ingir (atingir,
cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os verbos em -inguir sem
prolação do u (distinguir, extinguir, etc.) têm grafias
absolutamente regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos, etc.;
distingo, distinga, distingue, distinguimos, etc.).
Base XI
Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
1º) Levam acento
agudo:
a) As palavras
proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas
grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal
aberta: árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido,
míope, músico, plástico, prosélito, público, rústico, tétrico, último;
b) As chamadas
proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tónica/tônica as
vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral
começado por vogal aberta, e que terminam por sequências vocálicas pós-tônicas
praticamente consideradas como ditongos crescentes ( -ea, -eo, -ia, -ie,
-io,
-oa,
-ua, -uo, etc.): álea, náusea; etéreo, níveo; enciclopédia,
glória; barbárie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua,
língua; exíguo, vácuo.
2º) Levam acento
circunflexo:
a) As palavras
proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica vogal fechada ou ditongo
com a vogal básica fechada: anacreôntico, brêtema, cânfora, cômputo,
devêramos (de dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos
(de ser e ir), Grândola, hermenêutica, lâmpada, lôstrego,
lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego, sonâmbulo, trôpego;
b) As chamadas
proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas na sílaba
tónica/tônica, e terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas
praticamente consideradas como ditongos crescentes: amêndoa, argênteo,
côdea, Islândia, Mântua, serôdio.
3º) Levam acento
agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes,
cujas vogais tônicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de
sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n,
conforme o seu timbre é, respetivamente, aberto ou fechado nas pronúncias
cultas da língua: académico/acadêmico, anatómico/anatômico,
cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/fenômeno, género/gênero,
topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio,
blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio,
ténue/tênue.
Base XII
Do emprego do acento grave
1º)
Emprega-se o acento grave:
a)
Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo ou
pronome demonstrativo o: à (de a+a), às (de a+as);
b)
Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele, aquela,
aqueles, aquelas e aquilo ou ainda da mesma preposição com os compostos aqueloutro
e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo;
àqueloutro(s), àqueloutra(s).
Base XIII
Da supressão dos acentos em palavras derivadas
1º) Nos advérbios em
-mente, derivados de adjetivos com acento agudo ou circunflexo, estes
são suprimidos: avidamente (de ávido), debilmente (de débil),
facilmente (de fácil), habilmente (de hábil), ingenuamente
(de ingênuo), lucidamente (de lúcido), mamente (de
má), somente (de só), unicamente (de único),
etc.; candidamente (de cândido), cortesmente (de cortês),
dinamicamente (de dinâmico), espontaneamente (de espontâneo),
portuguesmente (de português), romanticamente (de romântico).
2º) Nas palavras
derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas formas de base
apresentam vogal tónica/tônica com acento agudo ou circunflexo, estes são
suprimidos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó),
bebezito (de bebé), cafezada (de café), chapeuzinho
(de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói),
ilheuzito
(de ilhéu), mazinha
(de má), orfãozinho (de órfão), vintenzito (de vintém),
etc.; avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita
(de lâmpada), pessegozito (de pêssego).
Base XIV
Do trema
O trema, sinal de
diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas.
Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que
normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que
tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta
supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir, em sílaba átona,
um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para
distinguir, também em sílaba átona, um i ou um u de um ditongo
precedente, quer para distinguir, em sílaba tónica/tônica ou átona, o u de
gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar,
constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano,
reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar,
anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista,
linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
Obs.:
Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3º, em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner,
mülleriano, de Müller, etc.
Base XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
1º) Emprega-se o
hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação
e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal,
constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio,
podendo dar -se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo,
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel,
tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno,
mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático,
afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro,
primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé,
guarda-chuva.
Obs.:
Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de
composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
2º) Emprega-se o
hífen nos topónimos/topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou
por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha,
Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas,
Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de
Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
Obs.:
Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados,
sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco,
Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é,
contudo, uma exceção consagrada pelo uso.
3º) Emprega-se o
hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas,
estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina,
couve-flor, erva-doce, feijão-verde; benção-de-deus, erva-do-chá,
ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer (nome de planta que
também se dá à margarida e ao malmequer); andorinha-grande,
cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-d’água, lesma-de-conchinha;
bem-te-vi (nome de um pássaro).
4º) Emprega-se o
hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes
formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e
tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem,
ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por
consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado,
bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado
(cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante
(cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido
(cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto
(cf. malvisto).
Obs.:
Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo
elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito,
benfeitor, benquerença, etc.
5º) Emprega-se o
hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além-Atlântico,
além-mar, além-fronteiras; aquém-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado,
recém-nascido; sem-cerimónia, sem-número, sem-vergonha.
6º) Nas locuções de
qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas
exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia,
arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à
queima-roupa).
Sirvam, pois, de
exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão
de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Adjetivas: cor
de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada
um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) Adverbiais: à
parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução
que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção,
etc.), depois de amanhã, em cima, por isso;
e) Prepositivas: abaixo
de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de,
debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Conjuncionais: a
fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
7º) Emprega-se o
hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a
divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o
percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique, e bem
assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos (tipo: Áustria-Hungria,
Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).
Base XVI
Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
1º) Nas formações com
prefixos (como, por exemplo: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-,
extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-,
ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos
não autónomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-,
agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-,
micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-,
semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
a) Nas formações em
que o segundo elemento começa por h: anti-higiênico,
circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-harmônico, extra-humano, pré-história,
sub-hepático, super-homem, ultra-hiperbólico; arqui-hipérbole,
eletro-higrômetro, geo-história, neo-helênico, pan-helenismo, semi-hospitalar.
Obs.:
Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos des-
e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano,
desumidificar, inábil, inumano, etc.
b) Nas formações em
que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o
segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar,
supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda,
semi-interno.
Obs.:
Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo
elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante,
coordenar, cooperação, cooperar, etc.
c) Nas formações com
os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por
vogal, m ou n [além de h, caso já considerado atrás na
alínea a]: circum-escolar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano,
pan-mágico, pan-negritude;
d) Nas formações com
os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com
elementos iniciados por r: hiper-requintado, inter-resistente,
super-revista.
e) Nas formações com
os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou cessamento), sota-,
soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira,
ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei; sota-piloto, soto-mestre,
vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei;
f) Nas formações com
os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-,
quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece
com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte):
pós-graduação, pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); pré-escolar,
pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).
2º) Não se emprega,
pois, o hífen:
a) Nas formações em
que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por
r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática aliás já
generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e
técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha,
cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo,
biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia;
b) Nas formações em
que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por
vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos
técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar,
aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico,
plurianual.
3º) Nas formações por
sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de
origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu
e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada
graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois
elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.
Base XVII
Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
1º) Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese:
amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.
2º) Não se emprega o hífen nas ligações da
preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do
verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.
Obs.:
1. Embora estejam consagradas pelo uso as
formas verbais quer e requer, dos verbos querer e requerer,
em vez de quere e requere, estas últimas formas conservam-se, no
entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s).
Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são
pouco usadas.
2. Usa-se também o hífen nas ligações de
formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e
ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las,
quando em próclise (por ex.: esperamos que no-lo comprem).
Base XVIII
Do apóstrofo
1º) São os seguintes
os casos de emprego do apóstrofo:
a) Faz-se uso do
apóstrofo para cindir graficamente uma contração ou aglutinação vocabular,
quando um elemento ou fração respetiva pertence propriamente a um conjunto
vocabular distinto: d’Os Lusíadas, d’Os Sertões; n’Os
Lusíadas, n’Os Sertões; pel’Os Lusíadas, pel’Os Sertões.
Nada obsta, contudo, a que estas escritas sejam substituídas por empregos de preposições
íntegras, se o exigir razão especial de clareza, expressividade ou ênfase: de
Os Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc.
As cisões indicadas
são análogas às dissoluções gráficas que se fazem, embora sem emprego do
apóstrofo, em combinações da preposição a com palavras pertencentes a
conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas
(exemplos: importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os
Lusíadas). Em tais casos, como é óbvio, entende-se que a dissolução gráfica
nunca impede na leitura a combinação fonética: a A = à, a Os =
aos, etc.
b) Pode cindir-se por
meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou
fração respetiva é forma pronominal e se lhe quer dar realce com o uso de
maiúscula: d’Ele, n’Ele, d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O,
t’O, lh’O, casos em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a
Deus, a Jesus, etc.; d’Ela, n’Ela, d’Aquela, n’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A,
t’A, lh’A, casos em que a segunda parte, forma feminina, é aplicável à mãe
de Jesus, à Providência, etc. Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos
salvou; esse milagre revelou -m’O; está n’Ela a nossa
esperança; pugnemos pel’A que é nossa padroeira.
À semelhança das
cisões indicadas, pode dissolver-se graficamente, posto que sem uso do
apóstrofo, uma combinação da preposição a com uma forma pronominal
realçada pela maiúscula: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-se
que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a O =
ao, a Aquela = àquela, etc.). Exemplos frásicos: a O
que tudo pode, a Aquela que nos protege.
c) Emprega-se o
apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a nomes do
hagiológio, quando importa representar a elisão das vogais finais o e a:
Sant’Ana, Sant’Iago, etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant’Ana,
Rua de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. Mas, se as
ligações deste gênero, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago,
se tornam perfeitas unidades mórficas, aglutinam-se os dois elementos:
Fulano
de Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano
de Santiago, ilha de Santiago, Santiago do Cacém.
Em paralelo com a
grafia Sant’Ana e congéneres/congêneres, emprega-se também o apóstrofo
nas ligações de duas formas antroponímicas, quando é necessário indicar que na
primeira se elide um o final: Nun’Álvares, Pedr’Eanes.
Note-se que nos casos
referidos as escritas com apóstrofo, indicativas de elisão, não impedem, de
modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro
Álvares, etc.
d) Emprega-se o
apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da
preposição de, em combinação com substantivos: borda-d’água,
cobra-d’água, copo-d’água, estrela-d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água,
pau-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco, pau-d’óleo.
2º) São os seguintes
os casos em que não se usa o apóstrofo:
Não é admissível o
uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e em com as
formas do artigo definido, com formas pronominais diversas e com formas adverbiais
(excetuado o que se estabelece nas alíneas 1o a e 1o b). Tais combinações são
representadas:
a) Por uma só forma
vocabular, se constituem, de modo fixo, uniões perfeitas:
i) do, da, dos,
das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas,
disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela,
daqueles, daquelas, daquilo; destoutro, destoutra, destoutros,
destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros, dessoutras; daqueloutro,
daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui; daí; dali;
dacolá; donde; dantes (= antigamente);
ii) no, na, nos,
nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas,
nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela,
naqueles, naquelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros,
nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros, nessoutras; naqueloutro,
naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa, nuns, numas;
noutro, noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum, nalguma, nalguns,
nalgumas, nalguém.
b) Por uma ou duas
formas vocabulares, se não constituem, de modo fixo, uniões perfeitas (apesar
de serem correntes com esta feição em algumas pronúncias): de um, de uma, de
uns, de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum, de alguma, de
alguns, de algumas, de alguém, de algo, de algures, de alhures, ou
dalgum, dalguma, dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures, dalhures; de
outro, de outra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou doutro,
doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou daquém; de
além ou dalém; de entre ou dentre.
De acordo com os
exemplos deste último tipo, tanto se admite o uso da locução adverbial de
ora avante como do advérbio que representa a contração dos seus três
elementos: doravante.
Obs.:
Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou
pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios
começados por vogal, mas acontece estarem essas palavras integradas em
construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a
preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a
fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de
os nossos pais serem bondosos; o facto de o conhecer; por
causa de aqui estares.
Base XIX
Das minúsculas e maiúsculas
1º) A letra minúscula
inicial é usada:
a) Ordinariamente, em
todos os vocábulos da língua nos usos correntes.
b) Nos nomes dos
dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.
c) Nos bibliónimos/bibliônimos
(após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos, podem ser
escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo):
O Senhor do paço de Ninães ou O senhor do paço de Ninães,
Menino de engenho ou Menino de Engenho, Árvore e Tambor ou Árvore
e tambor.
d) Nos usos de fulano,
sicrano, beltrano.
e) Nos pontos
cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW
sudoeste).
f) Nos
axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também
com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o
cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).
g) Nos nomes que
designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com
maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática);
línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas
Modernas).
2º) A letra maiúscula
inicial é usada:
a) Nos
antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca
de Neve, D. Quixote.
b) Nos topónimos/topônimos,
reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro, Atlântida,
Hespéria.
c) Nos nomes de seres
antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/Netuno.
d) Nos nomes que
designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência
Social.
e) Nos nomes de
festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.
f) Nos títulos de
periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São
Paulo (ou S. Paulo).
g) Nos pontos
cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por
nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo
sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente,
por oriente asiático.
h) Em siglas,
símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com
maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO,
NATO, ONU; H2O, Sr., V. Ex.ª.
i) Opcionalmente, em
palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de
versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da
Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou
Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista),
de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício
Azevedo Cunha).
Obs.:
As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras
especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações
específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica,
zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras,
reconhecidas internacionalmente.
Base XX
Da divisão silábica
A divisão silábica,
que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bru-ma, ca-cho, lha-no,
ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, te-me-se), e na qual, por isso,
se não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo
a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vó, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co,
e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu-lar,
su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente
cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o
emprego do hífen, a partição de uma palavra:
1º) São indivisíveis
no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto, sílaba para
a frente as sucessões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos, ou
sejam (com exceção apenas de vários compostos cujos prefixos terminam em b ou
d: ab-legação, ad-ligar, sub-lunar, etc., em vez de a-blegação,
a-dligar, su-blunar, etc.) aquelas sucessões em que a primeira consoante
é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou
um r: a-blução, cele-brar, du-plicação, re-primir; a-clamar,
de-creto, de-glutição, re-grado; a-tlético, cáte-dra, períme-tro; a-fluir,
a-fricano, ne-vrose.
2º) São divisíveis no
interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem
propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com
valor de nasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gardo, op-tar, sub-por,
ab-soluto, ad-jetivo, af-ta, bet-samita, íp-silon, ob-viar; des-cer,
dis-ciplina, flores-cer, nas-cer, res-cisão; ac-ne, ad-mirável, Daf-ne,
diafrag-ma, drac-ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, interam-nense; bir-reme,
cor-roer, pror-rogar; as-segurar, bis-secular, sos-segar; bissex-to,
contex-to, ex-citar, atroz-mente, capaz-mente, infeliz-mente; am-bição,
desen-ganar, en-xame, man-chu, Mân-lio, etc.
3º) As sucessões de
mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade,
e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra
um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), esse grupo
forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem
ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão
dá -se sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: cam-braia,
ec-lipse, em-blema, ex-plicar, in-cluir, ins-crição, subs-crever, trans-gredir;
abs-tenção, disp-neia, inters-telar, lamb-dacismo, sols-ticial, Terp-sícore,
tungs-ténio.
4º) As vogais
consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a
ditongos deste tipo nunca se separam: ai-roso, cadei-ra, insti-tui, ora-ção,
sacris-tães, traves-sões) podem, se a primeira delas não é u precedido
de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala-úde,
áre-as, ca-apeba, co-ordenar, do-er, flu-idez, perdo-as, vo-os. O
mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou
de ditongos e vogais: cai-ais, cai-eis, ensai-os, flu-iu.
5º) Os digramas gu
e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da vogal
ou ditongo imediato (ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei), do mesmo
modo que as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á-gua,
ambí-guo, averi-gueis; longín-quos, lo-quaz, quais-quer.
6º) Na translineação
de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou
mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve,
por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex-
-alferes, serená- -los- -emos ou serená- -los- -emos, vice- -almirante.
Base XXI
Das assinaturas e firmas
Para ressalva de
direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registo legal,
adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, pode
manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de
sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registo público.
FONTE: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário